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Banimento do Twitter do Trump

Depois que postei o vídeo sobre o banimento do Twitter do Trump, recebi vários comentários de amigos e novas informações vieram à tona. Então, resolvi escrever este post, como um complemento ao vídeo. Aproveito para pedir que se inscreva no meu novo canal no Youtube.

Uma ressalva: o púlpito da Igreja, a sala de aula ou um jornal são ambientes de comunicação e seus líderes decidem qual discurso pode ou não pode ser proferido, conforme a filosofia ou confissão da instituição. O  Twitter, o Youtube etc são, entretanto, plataformas de transmissão de comunicação, com o agravante que estão muito próximas de, juntos, formarem um monopólio da comunicação. Se elas decidirem que alguém não será ouvido, ficamos próximos da profecia sobre a besta do apocalipse, cuja “bênção” será necessária para comprar ou vender. Queremos mesmo dar a elas o poder de dizer o que pode e que não pode ser transmitido? Poderão definir que o aborto é aceitável, mas falar contra o homossexualismo é estímulo à violência.  Depois que gravei o vídeo sobre o banimento da conta do Trump, o CEO do Twitter, Jack Dorsey, questionou a própria decisão: “Foi um precedente perigoso…Tomamos uma decisão com as melhores informações que tínhamos…Isto estava correto?” Uma coisa ficou clara: a direção do Twitter tem uma visão estratégica mundial, longe de ser apenas um prestador de serviços.

Ainda não estamos vendo a liberdade de expressão totalmente restrita e todos concordamos sobre a importância de regras de moderação, inclusive no mundo virtual. Eu poderia aceitar essa censura feita ao Trump, ou aceitar o assassinato da Mariele como um assassinato entre outros, não fosse o medo de representarem as unhas de um terrível monstro escondido atrás da moita. A interpretação de que a liberdade de expressão termina onde esta expressão incita a violência parece razoável, mas quem vai julgar isso? Vamos delegar esse poder aos donos das empresas de transmissão de conteúdo? Ou a alguns líderes, conforme a conveniência política deles?

Não se deve flertar com o risco à liberdade. Você acha mesmo que não há uma ameaça? Meus ouvidos preferem conviver com bobagens, e até ofensas, que conviver com o silêncio total, com o medo de falar. E observe, as maiores ofensas não são “vamos fechar o capitólio na marra”; as maiores ofensas são as heresias teológicas, mas não quero nem que hereges sejam calados pela força.

Como sabem, escrevi um livro/roteiro para A boa parte, que só pode ser encontrada no exercício da liberdade. Não se encontra A boa parte com gente tendo que engolir o que pensa, na marra. Calar as pessoas das quais discordamos não é natural no reino da boa parte. Vejo este reino, sim, estimulando seus discípulos a falarem mais, a serem sal e luz no mundo escuro, sem o uso da força.

E não é arrogância eu determinar que a leitura da realidade do outro está tão errada que ele tenha que ser calado? Como ser humano, Trump não é pior ou melhor que a Mariele. Ambos são terríveis pecadores e ambos são amados por Deus. Admito, entretanto, que aquele que está ferindo o outro, literalmente, precisa ser contido fisicamente, mas quem ferir o outro com palavras precisa ser contido com argumentos, com educação dos ouvintes dele, com o voto popular e com a força do meu testemunho.

Juracy Bahia

Alegria da Gratidão

Imagem de Internet

Em outro post, destaquei as alegrias da conquista, da dádiva e do Espírito. Hoje quero falar da gratidão e do que acontece quando ela se encontra com a alegria. Educamos nossos filhos para serem agradecidos, para abandonarem o egoísmo e amadurecerem. Sim, gratidão é algo que se pode aprender. Bonhoeffer, um pastor que foi executado por conta de seus conceitos, disse que, em tempos de dificuldade e dependência, aprendemos a ser gratos. E isso não depende, necessariamente, da fé,  porque está em nossa configuração e pode ser desenvolvido. Não ser grato é uma distorção. A gratidão é um lado lindo do ser humano. 

Quando esse lado bom do homem encontra o Deus bondoso, quando acontece um encontro de Deus com o que recebemos dele, então ocorre uma “fusão nuclear”, surge a alegria da gratidão. No Evangelho de Lucas, lemos que o Senhor “exultou no Espírito” (Lucas 10.21). Essa expressão trata de algo além da alegria ou da gratidão naturais. O texto de Lucas, e cerca de uma dúzia de outros no Novo Testamento, relatam que essa alegria é incontida, é indizível. 

Em seguida, o Senhor destaca: “tudo recebi do Pai” e, ainda, “vejam como vocês são felizes pelo que receberam” (Lucas 10.22-24). Uma vez tomado pela Alegria, o Senhor disse “Graças te dou, Pai”. Observe que a gratidão gera alegria e, juntas, explodem em resposta. O “obrigado” que usamos em português quer dizer “eu estou obrigado a corresponder”. Ser grato e não responder é ofensivo, assim como oferecer sem estar grato é hipocrisia. 

Apocalipse usa a imagem da chegada da noiva ao altar para comunicar a ideia de uma explosão de alegria: “Então ouvi algo semelhante ao som de uma grande multidão, como o estrondo de muitas águas e fortes trovões, que bradava: “Aleluia! pois reina o Senhor, o nosso Deus, o Todo-poderoso. Regozijemo-nos! Vamos nos alegrar e dar-lhe glória! Pois chegou a hora do casamento do Cordeiro, e a sua noiva já se aprontou” (Apocalipse 19:6,7)

Como numa explosão, o encontro da alegria com a gratidão sempre produz e lança energia. O Carnaval, por exemplo, é conhecido como uma explosão de alegria, mas sem, necessariamente, um compromisso. Já a alegria da gratidão envolve um compromisso voluntário e altruísta. Quando o homem natural é restaurado, ele volta para agradecer, necessária e regularmente. Como homem perfeito, o Senhor Jesus entendia que deveria ir ao Templo semanalmente para agradecer ao Pai. Por isso, encontrar a Alegria de braços abertos e não corresponder é o pecado sem perdão. E quando esta alegria da gratidão é direcionada a Deus, temos a verdadeira adoração. O culto é uma resposta nossa a um Deus galardoador.

Juracy Bahia

A lei do empoderamento (dos outros)

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Antes de ler este tópico, sugiro que leia As três alegrias. Será oportuno, ainda, ler o tópico “Obediência”, do livro A boa parte, p. 237, onde destaco a frase: “É vergonhoso que nossa motivação para trabalhar nos projetos que levam o nosso nome seja exageradamente maior do que aquela que nos leva a trabalhar em projetos de uma equipe”.

Quando Marta tentou forçar Jesus para que mandasse Maria ajudá-la nos serviços domésticos, ela estava humilhando a irmã. Maria deve ter se encolhido de vergonha. Acontece que Jesus não seguiu no jogo de Marta. Pelo contrário, ele empoderou Maria: “Ela escolheu a boa parte”, disse ele em voz alta para que Maria também ouvisse. Um pequeno silêncio dominou a sala e Maria se alegrou com a dádiva recebida.

Antes de realizar e conquistar, nossa vocação é empoderar outros, fazer outros fortes. Gosto muito de ouvir Give Thanks, de Henry Smith, especialmente o trecho: “Diga o fraco: eu sou forte”. Imagino Jesus Cristo fazendo isso todo o tempo, e ainda me estimulando a fazer o mesmo com os outros.

Empodero as pessoas quando fortaleço o fraco, estimulo o desanimado, valorizo as boas práticas e escolhas dos meus filhos, alunos e amigos. Empodero as pessoas, não apresentado-as aos importantes e famosos deste mundo, mas quando as apresento ao próprio Poder, em oração. Empodero pessoas quando as capacito para serem o que vieram a ser neste mundo, quando colaboro para que se tornem bons discípulos de Jesus, não discípulos meus. Empodero pessoas quando meu discurso é positivo e assertivo, quando falo, escrevo e compartilho “apenas a que for útil para edificar os outros” (Efésios 4.29)

Como é incrível a lei do empoderamento dos outros! Em 2001, eu li Retorno à Santidade, do Dr. Gregory Frizzell. Coloquei no meu coração divulgar os livros dele no Brasil. Em vinte anos, cerca de 700 mil livros deste humilde servo de Deus foram vendidos no Brasil. Eu não conseguiria isso, mesmo que escrevesse um livro equivalente e empregasse a mesma energia na divulgação. Quando eu trabalho para mim mesmo, eu posso conseguir muito, mas quando eu trabalho, especialmente “atrás das cortinas”, para empoderar os outros, eu consigo muito mais. Esta é a lei do empoderamento, que eu poderia chamar também de “a lei de João Batista”: “É necessário que ele cresça e que eu diminua” (João 3:30). E aqui, o reino da boa parte prevalece, porque empodera os servos, enquanto o reino das trevas empodera os egoístas.

A verdade é que temos e ensinamos os outros a terem um projeto de poder. Mas, quem acabou se tornando o maior de todos os nascidos de mulher foi João Batista, exatamente aquele que entendeu que vocação era falar do outro e não de si mesmo. “Vocês sabem que aqueles que são considerados governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre vocês. Pelo contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo; e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo de todos. Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Marcos 10.42-45).

Juracy Bahia

Os andares superiores da alegria

Carnaval 2020 no Rio de Janeiro. Imagem da Internet

A alegria tem sido o tema de muitos tratados filosóficos, peças de teatro e filmes. Também é um grande assunto na Bíblia. O apóstolo Paulo vai ordenar aos filipenses que fiquem alegres, mas a alegria pode ser o cumprimento de uma ordem? Ela tem origem em Deus, no Diabo ou no próprio homem? Ela pode ser ensinada, como se ensina a meditar, a respirar ou a nadar? Existem níveis de alegria? Colocaríamos a alegria de uma pegadinha como nível 1, a conquista de um bom emprego como nível 2 e o nascimento de um filho, nível 3? Seria algo assim? Existiria, neste caso, um nível 7 de alegria?

Existe um subsolo da alegria, quando se alegra com a infelicidade própria ou dos outros, mas não trataremos dele aqui. O nível térreo da alegria é o da realização, da conquista, do esforço. O homem empreende, realiza, e se alegra nisso. Isso explica muito da ligação entre os esportes e a alegria. Não se ganha a partida apenas pela fama ou pelo dinheiro, ganha-se para ficar alegre. Conquista e alegria estão definitivamente relacionadas. Podemos chamar esta categoria de alegria de nível zero, por que comum a todos os seres humanos. Uma quadrilha experimenta alegria porque assaltou um banco, assim também o jovem porque passou no vestibular.

Vamos deixar o debate filosófico e destacar três níveis superiores da alegria numa intrigante palavra do Cristo, registrada pelo Dr. Lucas: “alegrem-se, não porque os espíritos se submetem a vocês, mas porque seus nomes estão escritos nos céus” (Lucas 10.20). Observo três alegrias: a da conquista, a da dádiva e a do Espírito. O verso 17 do capítulo citado de Lucas diz que os discípulos de Cristo voltaram radiantes da missão porque tinham percebido o poder de Deus em ação. Há uma particularidade na alegria que os discípulos demonstraram: eles estavam alegres porque os demônios se submetiam a eles “por conta do uso do nome de Jesus”. Então, era um primeiro tipo de alegria: observar como o poder de Deus muda para melhor as realidades decaídas. Onde há trevas, Cristo chega com luz; onde há desordem, a chegada do Evangelho colocar cada coisa em seu devido lugar etc. Observe que esta categoria de alegria já ocorre fora do ser humano. Os discípulos se alegraram porque contemplaram algo, no caso, o poder de Deus.

Ontem à noite, a Lua estava esplendidamente linda. Eu olhei demoradamente para ela e me alegrei. Eu nada fiz para a Lua ficar com aquela beleza toda, mas me alegrei. Recebi como uma dádiva. O Senhor disse aos discípulos que voltaram alegres da missão cumprida e da contemplação do poder Deus em ação: “Alegrem-se, antes, porque seus nomes estão escritos no Céu”. Ora, eles entendiam muito bem que nada tinham feito para terem seus nomes gravados definitivamente no Céu. Era um presente imerecido. Esta alegria, Tipo Dois, parece ser mais rara, mais densa e mais nobre, porque não provoca o orgulho. Eu colocaria aqui, por exemplo, também, a alegria da amizade sincera e, ainda mais, a alegria do relacionamento com a fonte da alegria, o próprio Deus. Neste ponto, precisamos falar da alegria da liberalidade. Quando doamos, experimentamos alegria em um grau mais elevado. Esta é a alegria que sentimos na vitória dos outros. O que Jesus fez foi trazer à consciência dos discípulos a memória de uma segurança eterna, criou neles a imagem de uma vida no Reino de Deus. Mais do que ver a ação de Deus no presente, esta alegria é relacionada à esperança naquilo que Deus ainda fará. Na verdade, isto é definição de fé.

Finalmente, na narrativa do Dr. Lucas há algo ainda mais intrigante. Diz o texto que Jesus Cristo em seguida, verso 21, “exultou no Espírito”. Não foi como se tivesse ganhado um presente, mas como se tivesse sido tomado pelo presente. Ele tinha se recusado a ser possuído pelo Diabo no Monte da Tentação, mas se deixava ser tomado pelo Espírito de Alegria. Isto era algo completamente positivo, um êxtase, uma satisfação da alma. Para ser honesto, era algo indescritível. E qual foi o contexto que fez Jesus Cristo ser tomado pela Alegria? Ele viu a alegria dos discípulos e seus nomes no Céu. Aquele que tinha chorado ao ver o sofrimentos dos amigos e a incredulidade dos homens, agora tem a sua alegria despertada ao ver o futuro eterno dos discípulos. Isto é revelador sobre a fonte da alegria. Ela está fora da pessoa. Alegria é desfrutada principalmente no coletivo, no compartilhamento, na solidariedade. Talvez Deus seja definido com a Alegria por ser trino. O Homem de Nazaré se alegrou na alegria dos seus amigos, ao fazer que outros fossem felizes. Alegrem-se com os que se alegram (Romanos 12.15), ordena novamente Paulo, agora aos romanos. Não é irônico que a luta para conquistar a felicidade pode atuar contra o próprio propósito?

Uma pessoa pode viver, basicamente, pela alegria da conquista. Por ganância, podem sacrificar uma alegria ainda melhor, da amizade, por exemplo. Alguns, por se esforçarem pouco, não se alegram nem na conquista. Outros começam a experimentar a verdadeira alegria ao perceberem a ação de Deus em suas vidas. Como enfatizava um velho pastor: “Felicidade começa com Fé”. Estes são mais felizes à medida que reconhecem, e apreciam, que recebemos mais da vida do que entregamos, talvez na proporção de água em nosso corpo e em nosso planeta. Então, no altruísmo somos um pouco Deus, porque nos alegramos com os outros. Por fim, é na glória de Deus que nos realizamos absolutamente. Ali, na vitória final do Cordeiro, encontraremos, finalmente, a boa parte. Se as alegrias do tipo Zero, Um e Dois entram no ser humano, no caso da alegria tipo Três, o homem é inserido na Alegria. O clímax da alegria está em se perceber dentro da Alegria. Jesus disse ao seus amigos: “Tenho lhes dito estas palavras para que a minha alegria esteja em vocês e a alegria de vocês seja completa” (João 15.11)

Juracy Bahia

QUESTÃO DE PERSPECTIVA

No primeiro episódio do seriado americano Vírgin River, num diálogo entre os personagens Jack e Mel, um diz para o outro que “O segredo da felicidade é a perspectiva.” Há uma boa dose de verdade nessa declaração. Max Lucado afirma que “A fé é o pássaro que canta quando o dia nem ainda começou.” É natural que o nosso estado de espírito reflita as nossas perspectivas.

Como você visualiza o amanhã? O que espera acontecer em sua vida pessoal, profissional, em seu ministério? No país e no mundo? Há três modos de ver o futuro: o otimista, o pessimista e o cético. Alguns gregos ensinavam que o alvo supremo da vida é tornar-se indiferente a ponto de não ser afetado pelas circunstâncias e, consequentemente, não alimentar qualquer expectativa.

A perspectiva de um cristão, sua maneira de ver e interpretar as circunstâncias se assenta sobre três fatores que em si são imutáveis: O caráter de Deus, as suas promessas e a sua fidelidade. O escritor aos Hebreus nos recomenda a “olhar firmemente para Jesus, autor e consumador da nossa fé” (12.2). Essa é a nossa perspectiva e nele encontramos a verdadeira felicidade

Muitas pessoas ficam olhando pelo retrovisor e se esquecem de que o para-brisa é muito maior. O passado deve nos inspirar, mas as nossas maiores oportunidades ainda vão chegar.

Joarês Mendes de Freitas

Lançamento 05 de novembro 2020

A boa parte é uma conversa respeitosa e honesta com o ateu e o agnóstico, um confronto piedoso do religioso e um desafio para quem já vive a plenitude da vida cristã, que ocorre no equilíbrio entre diligência, devoção pessoal e o lidar saudável com as intervenções de Deus em nossa rotina. Alcançar este equilíbrio pode ser o maior desafio de cada um de nós.