A Bíblia diz que Deus amou o mundo, mas preferimos entender que ele amou a Igreja. A Bíblia diz que Deus amava Marta, amava Maria, e amava Lázaro, mas achamos que ele amava apenas Maria. Dividimos a vida em partes para, então, criticar o que não gostamos. “Com a língua bendizemos o Senhor e Pai e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. Da mesma boca procedem bênção e maldição.” (Tiago 3:9-10 NVI).
Tiago termina o verso acima dizendo: “Meus irmãos, não pode ser assim!”. Somos um planeta com oito bilhões de pessoas. Nunca tivemos tanta gente morando neste “pálido ponto azul”. É desses bilhões, e ainda todos os que já viveram e os que ainda nascerão, que fala João 3.16: “Deus amou o mundo”. Deus não ama [apenas] crente, Deus ama gente.
Podemos entender o compromisso que Deus tem com aquele que faz um pacto com ele. É coisa de pacto assumido entre as partes e não de privilégio, especialmente se a oportunidade é oferecida a todos. Também, é natural esperar reciprocidade se você cuida dos assuntos de Jesus. Um filho companheiro, que ajuda os pais, terá um tratamento diferenciado, inclusive com broncas diárias (leia o tópico “A preferida”, em A boa parte). Entretanto, a Parábola do Filho Pródigo afirma que todos os dois filhos são amados e que há esperança no retorno daquele que deixou o aconchego do lar.
Quando escolheu Abraão e quando retirou o povo de Israel do Egito, Deus o fez com o propósito de abençoar todas as nações. O propósito do seu amor sempre foi a humanidade toda. Ele quer abençoar todas as famílias da Terra. A raiz do propósito da instituição do povo de Israel é a mesma da instituição da Igreja: abençoar todo o mundo. Israel e a Igreja são instrumentos de um plano de salvação de todas as pessoas.
A prioridade para os santos, demonstrada na Bíblia, não significa exclusividade. A visão de que Deus tem olhos somente para os crentes é estranha. Deus usa religiosos e usa não religiosos para beneficiar o ser humano.
Deus não trabalhou apenas para que Israel se tornasse monoteísta diante de um mundo politeísta. Deus trabalha para que o mundo inteiro o entenda como o único Deus verdadeiro. Deus escolhe alguns para serem um convite aos outros. E quando ele permite algum privilégio ao seu seguidor, diante dos não crentes, não é para a glória do fiel, mas para mostrar uma opção melhor aos outros.
Observe um exemplo: quando Jesus comentava os mandamentos dados a Moisés, ele disse: “O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” (Marcos 2: 27 NVI). Se imaginarmos que o sábado representa, de algum modo, a religião dada por Deus, então podemos entender que os mandamentos foram dados para o benefício do ser humano, e não para sua condenação.
“Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. (João 3: 16)
Juracy Bahia