“Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos” (Mateus 20:16 – NVI). Não me parece que este princípio seja exclusivamente para o mundo espiritual. São incontáveis as histórias de reviravoltas: a borboleta que surge da larva, os pais severos que têm filhos felizes etc. Jesus questiona nossas supostas vitórias e, ainda mais, nossas convicções de derrotas. Como destacado em A boa parte, Jesus questiona o entusiasmo dos discípulos com as belezas das pedras do Templo, mas também a injustificável tristeza de Marta e Maria com a morte do irmão-milagre.
Achamos que ganhamos quando vencemos, mas muitas vezes a vida indica o contrário. Derrotas e vitórias podem não ser exatamente o que pensamos, como lembra aquela antiga fábula, de um pai que exclamou “Como ganhar este cavalo árabe fez bem ao meu filho!”; no que o retrucou o sábio: “pode ser que sim, pode ser que não”.
“O coração do sábio está na casa onde há luto, mas o dos tolos, na casa da alegria” (Eclesiastes 7. 4 – NVI). Muitos estão frustrados com a eleição de um líder que não os representa, e não conseguem ver nisso a resposta de orações, nem a soberania de Deus. Quando vejo tristes aqueles que amam a Jesus e alegres os que zombam dele, eu quero olhar um pouco mais à frente, como Jesus fazia. Algo me diz que posso estar a pedir misericórdia para o grupo errado. Algo sugere que eu desvie os olhos de minha ansiedade para os motivos da serenidade de Jesus.
Por estas e outras experiências, quero observar mais, adquirir discernimento mais apurado, sintonizar meu coração além das paixões terrenas e aguardar novas ordens do Senhor para avançar. Enquanto muitos olham para uma Foz do Iguaçu como turistas ou apavorados pelo medo, eu quero ouvir a voz de Deus também nos movimentos das águas. Não é interessante que ele tenha planejado criar poder na queda, multiplicar vida a partir da renúncia e riqueza do desapego? Então, textos como Isaías 55 se renovam em nossos corações:
“Pois os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os meus caminhos”, declara o Senhor.
“Assim como os céus são mais altos do que a terra, também os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos e os meus pensamentos mais altos do que os seus pensamentos.
Assim como a chuva e a neve descem dos céus e não voltam para ele sem regarem a terra e fazerem-na brotar e florescer, para ela produzir semente para o semeador e pão para o que come,
assim também ocorre com a palavra que sai da minha boca: Ela não voltará para mim vazia, mas fará o que desejo e atingirá o propósito para o qual a enviei.
Vocês sairão em júbilo e serão conduzidos em paz; os montes e colinas irromperão em canto diante de vocês, e todas as árvores do campo baterão palmas.
No lugar do espinheiro crescerá o pinheiro, e em vez de roseiras bravas crescerá a murta. Isso resultará em renome para o Senhor, para sinal eterno, que não será destruído”.
Nem sempre o vencedor leva tudo. Deus não joga dados. Deus é bom. O segredo não é ganhar sempre, mas em estar do lado certo da história.
Juracy Bahia
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