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Em 2017 eu “descobri” João 21. Jesus ressuscitado encontra com seus discípulos e, de um modo especial, com Pedro, perguntado três vezes, “Pedro, você me ama?”. Percebi neste final do Evangelho de João um padrão, os 5 Cs: Jesus chama, congrega, confronta, comissiona e conforta. Aprendi sobre a importância de lidar bem com o passado negativo (culpa, erros, fracassos), a confiar que a próxima etapa pode ser melhor (e maior) “apascenta minhas ovelhas” e, ainda, sobre o extravagante amor de Deus.
Todos afirmamos, como Pedro, que amamos a Jesus. Será verdade? Se eu amo a Jesus, eu presto atenção ao que Ele está falando. Ao perguntar três vezes, soa-me como “você está me ouvindo?”. Não é impressionante que algumas pessoas mudam inteiramente a vida a partir de um único sermão, enquanto outras ouvem sermões a vida inteira e nada mudam? Como disse Virgínia Brasier, somos “uma geração da página lida pela metade”. Podemos ficar constrangidos, mas Cristo quer saber se estamos concentrados nele e em suas palavras. E isso é também amor, graça e didática. Ele insiste conosco naquilo que é importante para ele, para nós ou para a nossa relação com ele.
Se eu amo a Jesus, eu invisto num relacionamento além das necessidades básicas. O texto que fala do gabinete de Jesus com Pedro começa assim: “Depois da refeição…”, ou seja, depois de resolver o cansaço, a fome e o sentimento de fracasso, de uma noite infrutífera, Jesus chama Pedro para algo maior. Parece mais fácil buscar a Deus nas necessidades. Eugene Peterson disse que “os lugares mais religiosos do mundo, para dizer a verdade, não são as igrejas, e sim os campos de batalha e hospitais mentais”. Muitos relacionamentos com Jesus Cristo são construídos na base de desejos e, pior, de desejos instantâneos: “Vocês me seguem porque querem encher a barriga”, reclamou Jesus certa vez. Nosso amor, muitas vezes, é de conveniência. É triste perceber que algumas pessoas se afastam de Jesus na proporção em que prosperam, exatamente porque foram por ele abençoadas. A um Pedro formado e confirmado, Jesus disse “segue-me”, indicando que a ressurreição não era o fim do discipulado, mas, de alguma forma, o início. Aliás, como digo no livro A boa parte, se a ressurreição foi o fechamento de um processo de revelação de Deus aos homens, provavelmente ele teria escolhido um sábado, último dia da semana, e não um domingo para ressuscitar. Alguns capítulos antes, João destaca outras palavras de Jesus: “Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama. Aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me revelarei a ele” (14:21).
Se eu amo a Jesus, presto-lhe culto. É certo que Jesus está conduzindo Pedro a afirmar e a reafirmar seu amor. Isso é adoração. Um líder Talibã disse certa vez no Afeganistão: “Jihad é um ato de adoração. Adoração é algo de que, por mais que você faça, você não se cansa”. Claro que não concordamos em matar pessoas em nome de Deus, mas concordamos que não existe amor sem expressões concretas. Esta história de que eu amo a Jesus, mas não lhe presto culto não convence a ninguém, muito menos ao próprio Jesus que, como lembrou Pedro, tudo sabe, “tu sabes que eu te amo”. E onde adoramos a Jesus? Em todo o lugar, mas o que Jesus tinha em mente naquela conversa com Pedro era a sua Igreja.
Se eu amo Jesus, eu obedeço, eu faço o que ele ordena. Não apenas canto louvores voluntariamente, eu também faço o que ele manda, querendo ou não . Três vezes “amas-me?”, mas, também, três vezes “cuide de minhas ovelhas”. Alguns capítulos antes, João destaca outras palavras de Jesus: “Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama. Aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me revelarei a ele” (14:21). Se eu amo Jesus, eu vou trabalhar para ele, vou colocar a Igreja e o Reino como prioridade. Observe que Jesus teve três oportunidades para fazer recomendações diferentes a Pedro e usou as três para pedir que cuidasse da Igreja, enquanto Pedro tinha vitalidade, forças. Como Jesus já tinha dito: “Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama” (14:21).
Juracy Bahia
Ouça o sermão que originou este post: https://youtu.be/5SaeFqOZGT0
Talvez a maior dificuldade no processo de aprendizagem seja a questão da atenção. De fato, no processo didático, ao tentar compartilhar e ensinar a Palavra de Deus, tentamos usar os mais diversos recursos, inclusivos visuais, para prender a atenção das pessoas. Precisamos usar da estratégia da repetição, mas é preciso haver também, naquele que recebe a mensagem, uma disposição para ouvir, e ouvir os conselhos que vem Deus. Não existe relacionamento ou amizade se não houver reciprocidade na comunicação. E por em prática, aquilo que afirmamos ter aprendido, significa obediência e transformação de vida.
Maravilha que aprendizagem,
Como amar a Jesus e não o obedecer?
Quem ama a Jesus então cultua a ele principalmente em obediência
Jesus supriu a necessidade de seus discípulos após uma noite de frustração,
O discípulo de Cristo se relaciona com as pessoas e as socorre
Se eu amo a Jesus presto um culto verdadeiro e racional